Se um dia
14/08/2014 20:01
Se um dia eu caminhasse, com os pés descalços sobre os sonhos e as suas ilusões,
Se por dentre mundos entre a realidade e a fantasia não se fizesse mais do que um dia,
Se dentre o sonhar e o viver, houvesse comunhão perfeita que ambos fossem um só,
Se só nesse dia, e por ser esse mundo transformasse o existir numa poesia só,
Se o caminhar por entre as gentes não fosse um andar descontente,
Se o respirar fosse um eterno inspirar, e o espirar fosse flores e belezas na forma de poemas ao pensar,
Se o brincar fosse à alegre diversão de ver as gotas despencar solenemente sobre uma superfície plana,
Se o pisar fosse incerto, e tão duvidoso que me levasse a sentir, e apenas isto, o mundo em meu redor,
Se um dia fosse o princípio de uma existência e o fim deste eterno descansar de uma vida,
Se tudo o que fosse glorioso como o sol, houvesse o mistério radioso da eterna mudança de humor,
Se o bem e o mal convivessem numa eterna harmonia que não se fizesse distinção mais,, e houvesse: vida,
Se o compreender fosse tão grande, e tão eterno que houvesse graça tudo na vida,
Se a ignorância, o eterno mal, fosse uma coisa tão ínfima e tão menor que se perdesse em si,
Se tudo fluísse líquido como o raciocínio e não houvesse percalços reais,
Se tudo flutuasse aéreo como o sentimento e não houvesse preconceitos irreais,
Se tudo, nada seja lá o que fosse apenas fosse, e fosse um,
E a eterna comunhão de ser sem perder a individualidade do ser, ao invés de busca, fosse apenas uma forma e razão de viver,
Se um dia...
Quando, você, a criança minha, a flor mais delicada e escondida que tenho, fizer um dia, e apenas um dia da data que choraste a dor da realidade do ar em seus pulmões, eu quieto, sozinho, meio que escondido de você, visto que não saberá quem sou, recitarei baixinho, quase que só pensando, o meu presente que um dia fiz para comemorar a festa do seu primeiro dia de vida. E cá entre nós, neste dia você não saberá de nada, e eu bobo chorarei, mas quem sabe um dia...