O Valor do Anonimato
O VALOR DO ANONIMATO
A advocacia, como profissão, guarda exemplos de humanidade que a dignificam em sua conduta.
No princípio do século XX, um advogado rico, jovem, se viu, da noite para o dia órfão e viúvo. O seu pai, um medico de quem levava o nome, e de que tanto se orgulhava, pois já naqueles áureos tempos, quando a medicina social não era muito difundida, cuidava dos ricos cobrando, e dos pobres gratuitamente.
Muitas vezes sensibilizado com a penúria do paciente deixava o dinheiro da medicação com a família.
Seu filho, advogado, sempre foi um homem bem sucedido, e havia amealhado uma pequena fortuna, no correr de sua vida.
Quando se viu só, continuou morando com a mãe, de onde nunca havia saído, e arrumou um emprego de advogado da Caixa Econômica Federal, instituição pública de crédito, para ocupar seu tempo, sua vida e não ficar pensando na tragédia que o abatera.
Não era bem quisto no local de trabalho, afinal, o que um rico que não precisava do dinheiro fazia ali, roubando o lugar de quem precisava?
Até que pouco tempo depois morreu, e descobriu-se que todo o seu salário ia para a caixa dos funcionários pobres daquela instituição.
Durante todo tempo que lá trabalhou sempre foi alegre, e sua alegria e suas piadas contagiavam a todos, enfim um homem de bem com a vida, poucos sabia da dor que trazia no coração, pois em menos de um mês havia perdido o pai que se espelhava tanto e a esposa.
Até hoje é motivo de estórias polêmicas familiares, a vida dos dois, pai e filho, ambos tinham o mesmo nome.
Quando nasci, foi este o nome que meus pais me deram. Minha bisavó, de quem amava muito, e mãe de um e viúva de outro, acompanhou a minha infância e adolescência, contando-me histórias de meus antepassados.
Hoje, sou escritor, assino os meus livros comeu apelido, que é meu nome de família, aquele que só as pessoas que gostam de mim sabem.
E, não foi sem espanto ao ver que este apelido era mais popular do que o nome honroso que levo.
Sou advogado e músico, como os laraya, é há gerações, e é contando estórias, que guardo na razão, de valores que trago no coração, que tenho o nome que tenho então!