O passaro preto
O PASSARO PRETO
Era uma vez um pássaro preto, que havia sido subtraído adulto da natureza, e vivia em uma gaiola, em um estacionamento, em uma parede branca, sem uma folhagem, sempre com um sol a pino o judiando.
O dono desta ave já havia se desencantado com ela, pois o que queria era ouvir seu canto, e como tal não se deu, largou-a naquele lugar.
Um advogado, a quem o proprietário da ave devia honorários, trocou a ave pela dívida e levou o feroz pássaro para sua casa.
Pôs a ave em um terraço, cheio de folhagens, e à noite recolhia a gaiola com medo dos gatos.
No começo pensou em soltá-la, mas como morava em uma megalópole, achou que era mais prudente manter a ave presa.
E, foi vivendo assim, ele sempre cuidando do animal, até que este resolveu mostrar seu lindo canto.
O advogado ficou encantado como os seus honorários estavam rendendo-lhe frutos, pois só o cuidar do animal já o distraia, e servia de relaxamento dos problemas espinhosos que seus clientes lhe traziam.
A ave começou a subir na mão de seu dono quando ia trocá-lo, e sempre bicava muito, não que isto lhe parecesse agressivo, mas um gesto de carinho.
Junto com a gaiola o dono do pássaro punha vasos de plantas, que começou a regar com a agua do banho da ave.
Qual não foi sua surpresa, as plantas brotavam fortes sem adubo, e muitas começaram a florescer.
Ele então tomou uma decisão, pegava um vaso bem florido, e punha enfeitando a sala, enquanto os outros continuavam no terraço, com isso sua casa ficou mais alegre.
Um dia o passarinho fugiu, saiu da gaiola, voou por tudo, e foi pousar na mão de seu dono, que voltou a alimentá-lo.
E a vida continuou, com a ave a dar suas voltas, dormir na gaiola, e o resto vocês já sabem.
Muitas vezes fico pensando, se este relacionamento entre o advogado e sua ave não é o que pretendemos com a nossa cara metade?
Um amparo, um carinho, uma compreensão, sem subtrair um do outro a alegria de ser feliz?
A resposta minha eu sei, cabe a cada um achar a sua!